Entre 1939 e
1941 a política americana frente ao Brasil passou a dar ênfase a uma maior
aproximação política e militar, com os Estados Unidos comprometendo-se fornecer
vários pacotes de ajuda econômica, militar e industrial, em troca dos
estabelecimentos e uso pelos americanos de bases militares no nordeste
brasileiro.
Como um dos
pontos mais importantes para o Brasil era a solução do “problema siderúrgico”,
os Estados Unidos concordaram em financiar a construção da grande usina de
Volta Redonda, RJ, criando-se assim a Companhia Siderúrgica Nacional.
A questão da
exportação de minério pelo vale do rio Doce também tinha grande importância
estratégica para os Estados Unidos, já que a disponibilidade de fontes
alternativas de minério de ferro era considerada prioritária para abastecer o
esforço de guerra americano.
Se antes da
guerra as antigas ligações de Farqhuar com poderosos grupos siderúrgicos da
Alemanha nazista sempre foram vista com certa desconfiança por influentes
banqueiros americanos, a crescente cooperação econômico-militar entre o Brasil
e os Estados Unidos criava todas as condições para que o Governo americano
oferecesse ao Brasil os meios para garantir que o suprimento do minério de
ferro de Itabira para os Aliados ficasse sob controle do Governo brasileiro.
Os americanos
também se preocuparam até com a segurança do projeto de exportação de minério
de ferro, já que desde o inicio da guerra os seus serviço de inteligência
militar, bem como os da Inglaterra, vinham rastreando o interesse de agentes
dos serviços de espionagem nazistas nos portos brasileiros.
Numa carta
interceptada logo após a entrada dos Estados Unidos na guerra em dezembro de
1941, uma espiã nazista “passando” de navio por Vitória rumo a Recife descrevia
a cidade como uma “... bela baía natural com sua enorme quantidade de minérios
(sic) descoberta pelos americanos (sic)... onde
está sendo construída uma maravilhosa estação para desembarque do
minério diretamente da ferrovia para os navios...”.
A aliança
militar entre o Brasil e os Estados unidos foi consolidada ao final de janeiro
de 1942 com o rompimento brasileiro de relações com os países do Eixo, sendo
intensificadas as negociações entre os dois Governos dentro do programa para
mobilização econômica do hemisfério ocidental.
Como parte dos
chamados Acordos de Washington, assinados pelo Brasil, Inglaterra e Estados
Unidos em 3 de março de 1942, os Estados Unidos negociaram diretamente com o
Governo inglês o resgate de todos os bens da Itabira Iron no Brasil e a
transferência gratuita dos mesmos para o Governo brasileiro, cabendo ao Brasil,
dentre outras cláusulas, fazer a encampação da CBMS e da EFVM, organizar uma
nova empresa brasileira para exploração das minas, prolongar a EFVM até
Itabira, terminar a construção do cais de minério em Vitória e reaparelhar toda
a EFVM para transportar no mínimo 1,5 milhões de toneladas de minério de ferro
por ano.
A Inglaterra e
os Estados Unidos se comprometeram a comprar todo o minério transportado pela
EFVM de acordo com preços pré-estabelecidos enquanto durassem as condições de
guerra, enquanto os Estados Unidos, através do Eximbank, abriram um generoso
crédito de 14 milhões de dólares para financiar todo empreendimento.
No dia 1 de
junho de 1942 o Presidente Getúlio Vargas expediu o decreto lei 4.352 criando a
Companhia Vale do Rio Doce (CVRD), como empresa estatal de economia mista
dedicada à exploração e comercialização de minério de ferro, incorporando a ela o patrimônio formado pelas minas de
Itabira e a EFVM.
Farqhuar, que
continuava no Brasil, ficou perplexo quando soube da encampação da CBMS e da
Companhia Itabira de Mineração, mas com a sua longa experiência no mundo dos
negócios, acabou resignado a s considerar mais uma “vítima de guerra” como
tantas outras daquele período.
Confiando no
futuro da vale do rio Doce como o “vale do aço brasileiro” e com as
indenizações pagas posteriormente pelo governo brasileiro, Farqhuar e seus
sócios fundaram em 1944 a Aços Especiais Itabira – ACESITA – construída no
final dos anos de 1940 como a primeira usina siderúrgica brasileira dedicada à
fabricação de aços especiais que teriam demanda garantida com o avanço da
industrialização do Brasil a partir da segunda metade do século XX.