domingo, 8 de outubro de 2017

A EFVM E A CIA. BRASILEIRA DE MINERAÇÃO E SIDERURGIA (1939-1942) - PARTE 2

Mesmo assim, era necessário uma maneira mais eficiente para se fazer o carregamento do minério nos navios e como a CBMS não dispunha de recursos para construir a linha e as instalações previstas para o porto de Santa Cruz, a solução foi encontrar uma área para silos de transbordo dentro da própria baía de Vitória.
A CBMS planejou então um cais de minério junto ao morro do Atalaia, no município de Vila Velha, do outro lado da baía e em frente ao porto do Vitória, permitindo que os trens pudessem ser descarregados por gravidade diretamente sobre u grande silo de armazenamento de onde o minério seria levado até os navios por meio de correias transportadoras.
Por um acordo celebrado entre a CBMS e o Governo do Espírito Santo em junho de 1941, este ficava como proprietário e responsável pelas obras do cais e do silo de armazenamento, enquanto a CBMS providenciava a construção do ramal de acesso, que começava no pátio da estação de Pedro Nolasco e seguia pelas encostas do morro do Paul até fazer uma volta completa em torno do morro do Atalaia.
O projeto do cais de minério da EFVM na baía de Vitória foi uma das obras de engenharia mais interessantes no Brasil da primeira metade do século XX, e um justo tributo à imaginação e à capacidade empreendedora de Percival Farqhuar.
Tivesse ele renunciado antes aos inúmeros privilégios que pretendia, feito a remodelação da EFVM e garantindo o tráfego público nas suas linhas, certamente estaria colhendo lucros sem precedentes com o agravamento da guerra na Europa e na África, além de se colocar novamente como um dos homens mais poderosos e influentes do Brasil, face à oposição estratégica da Itabira Iron e da EFVM para o suprimento de minério de ferro para a Inglaterra e os Estados Unidos.
Estimulado pelo modesto sucesso das exportações de minério feitas em 1940, Farqhuar preparou vários projetos para remodelação e reaparelhamento da EFVM visando várias metas para o transporte de 1 milhão a 1,5 milhões de toneladas anuais já para o ano de 1941.
O principal problema ainda a resolver era a obtenção dos empréstimos necessários nos Estados Unidos, onde o crédito já estava restrito, face ao indisfarçável estado de beligerância com os países do Eixo.
Para pressionar os países da América do Sul, e, sobretudo o Brasil, a não manter relações comerciais com os países do Eixo, o Governo americano publicou em junho de 1941 uma lista de empresas com capital ou acionista majoritários da Itália ou Alemanha, com as quais ficava proibido a manutenção de negócios por qualquer empresa ou bancos americanos.
Com a guerra prestes a se alastrar pela Ásia e o Atlântico Sul, Farqhuar ainda conseguiu negociar com a Itabira Iron uma opção de arrendamento das minas por 25 anos, incluindo novamente a possibilidade da compra de todas as propriedades da Itabira Iron no Brasil ao término deste período.
De posse desta opção, Farqhuar organizou no Brasil a Companhia Itabira de Mineração em dezembro de 1941, propondo que seus acionistas adquirissem a opção negociada por ele uma indenização de quase 1,5 milhões de dólares pelas despesas e compromissos com os projetos acumulados desde 1919.
Para facilitar  negociação, Farqhuar propôs que o pagamento fosse feito sob a forma de ações preferenciais e debentures sem direito a voto, na esperança de que o empreendimento ainda tivesse um grande e lucrativo futuro pela frente.

Na verdade a Companhia Itabira de Mineração não chegaria a operar plenamente, já que sua atuação acabou sendo prejudicada, ironicamente, pelos acontecimentos políticos agravados pela entrada dos Estados Unidos na Segunda Guerra Mundial. 

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