sexta-feira, 6 de outubro de 2017

A EFVM E A CIA. BRASILEIRA DE MINERAÇÃO E SIDERURGIA (1939-1942) - PARTE 1

Como Farqhuar sabia que a perda do contrato da Itabira Iron era inevitável, ele procurou ganhar tempo, negociando desde o início de 1938 a compra da EFVM por uma nova empresa constituída dentro das novas leis brasileiras.
Concluídas as negociações, Farqhuar em conjunto com um grupo de empresários e banqueiros brasileiros ligados aos setores de mineração de carvão, ferro e manganês, fundou em 7 de agosto de 1939 a Companhia Brasileira de Mineração e Siderurgia (CBMS), que incorporava como seu principal patrimônio a EFVM.
O início da Segunda Guerra Mundial na Europa em 1 de setembro de 1939 mudou completamente  situação internacional, permitindo Farqhuar conseguisse obter dos acionistas ingleses uma nova opção de compra de todas as jazidas da Itabira Iron no Brasil, inclusive com a redução do preço para 325.000 Libras Esterlinas.
Com a previsão de que em breve a Inglaterra e os Estados Unidos demandariam uma grande quantidade de minério de ferro para o seu esforço de guerra, Farqhuar finalmente se interessou pele efetiva remodelação da EFVM.
Mesmo com a imprensa controlada e sob forte censura imposta pelo Estado Novo, o clima político brasileiro fervilhava com a polêmica em torno do que os jornais chamavam de “Novo Problema Siderúrgico”, debatendo-se diariamente as mais diversas opções para a questão do minério de ferro e da implantação da chamada “grande siderurgia” no Brasil.
Em meio a toda esta polêmica, as comissões do Governo Federal que estudaram o contrato da Itabira Iron já haviam decidido discretamente separar as questões da siderurgia e da exportação de minério de ferro, estimulando o Governo a manter negociações sigilosas sobre este assunto nos Estados Unidos, com a promessa de que o Banco de Exportação e Importação Americano – Eximbank – estaria disposto a financiar a encampação da EFVM pelo Governo brasileiro e o seu reaparelhamento para o transporte de minério de ferro.
Tal como Farqhuar havia previsto, a guerra na Europa fez com que a mera disponibilidade do minério de ferro brasileiro ganhasse uma nova dimensão estratégica para os Estados Unidos, permitindo Farqhuar negociasse os primeiros contratos de exportação com grandes usinas siderúrgicas americanas.
Estes contratos permitiam finalmente que a CBMS desde início à exploração das jazidas do pico Cauê, em Itabira, no início de 1940, assim como contratar as obras para o prolongamento da EFVM até Itabira.
O Governo brasileiro, que nesta época já planejava secretamente uma intervenção definitiva na questão do minério de ferro da Itabira, preferiu não se opor a CBMS explorasse as jazidas da Itabira Iron e tivesse o controle da EFVM, autorizando finalmente a incorporação da EFVM pela CBMS em 28 de junho de 1940.
Como a linha da EFVM ainda não chegava a Itabira, o minério tinha que ser carregado manualmente em caminhões comuns, para ser levado até a estação de Desembargador Drumond (novo nome da EFVM em São José da Lagoa a partir de 1939), onde era feito o transbordo dos caminhões para os vagões da EFVM.
Chegando ao porto, o minério era manualmente descarregado dos caminhões e empilhado sobre os cais, de onde era feito o transbordo para os navios.

A baldeação do minério feita por caminhões entre Pedro Nolasco e o porto de Vitória terminou em junho de 1941, com a inauguração do ramal ferroviário Ponte Florentino Ávidos, permitindo que os trens de minério da EFVM fossem descarregados diretamente no cais do porto.

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