Como Farqhuar
sabia que a perda do contrato da Itabira Iron era inevitável, ele procurou
ganhar tempo, negociando desde o início de 1938 a compra da EFVM por uma nova
empresa constituída dentro das novas leis brasileiras.
Concluídas as
negociações, Farqhuar em conjunto com um grupo de empresários e banqueiros
brasileiros ligados aos setores de mineração de carvão, ferro e manganês,
fundou em 7 de agosto de 1939 a Companhia Brasileira de Mineração e Siderurgia
(CBMS), que incorporava como seu principal patrimônio a EFVM.
O início da
Segunda Guerra Mundial na Europa em 1 de setembro de 1939 mudou
completamente situação internacional,
permitindo Farqhuar conseguisse obter dos acionistas ingleses uma nova opção de
compra de todas as jazidas da Itabira Iron no Brasil, inclusive com a redução do
preço para 325.000 Libras Esterlinas.
Com a previsão
de que em breve a Inglaterra e os Estados Unidos demandariam uma grande
quantidade de minério de ferro para o seu esforço de guerra, Farqhuar
finalmente se interessou pele efetiva remodelação da EFVM.
Mesmo com a
imprensa controlada e sob forte censura imposta pelo Estado Novo, o clima
político brasileiro fervilhava com a polêmica em torno do que os jornais
chamavam de “Novo Problema Siderúrgico”, debatendo-se diariamente as mais
diversas opções para a questão do minério de ferro e da implantação da chamada
“grande siderurgia” no Brasil.
Em meio a toda
esta polêmica, as comissões do Governo Federal que estudaram o contrato da
Itabira Iron já haviam decidido discretamente separar as questões da siderurgia
e da exportação de minério de ferro, estimulando o Governo a manter negociações
sigilosas sobre este assunto nos Estados Unidos, com a promessa de que o Banco
de Exportação e Importação Americano – Eximbank – estaria disposto a financiar
a encampação da EFVM pelo Governo brasileiro e o seu reaparelhamento para o
transporte de minério de ferro.
Tal como
Farqhuar havia previsto, a guerra na Europa fez com que a mera disponibilidade
do minério de ferro brasileiro ganhasse uma nova dimensão estratégica para os
Estados Unidos, permitindo Farqhuar negociasse os primeiros contratos de
exportação com grandes usinas siderúrgicas americanas.
Estes contratos
permitiam finalmente que a CBMS desde início à exploração das jazidas do pico
Cauê, em Itabira, no início de 1940, assim como contratar as obras para o
prolongamento da EFVM até Itabira.
O Governo
brasileiro, que nesta época já planejava secretamente uma intervenção
definitiva na questão do minério de ferro da Itabira, preferiu não se opor a
CBMS explorasse as jazidas da Itabira Iron e tivesse o controle da EFVM,
autorizando finalmente a incorporação da EFVM pela CBMS em 28 de junho de 1940.
Como a linha da
EFVM ainda não chegava a Itabira, o minério tinha que ser carregado manualmente
em caminhões comuns, para ser levado até a estação de Desembargador Drumond
(novo nome da EFVM em São José da Lagoa a partir de 1939), onde era feito o
transbordo dos caminhões para os vagões da EFVM.
Chegando ao
porto, o minério era manualmente descarregado dos caminhões e empilhado sobre
os cais, de onde era feito o transbordo para os navios.
A baldeação do
minério feita por caminhões entre Pedro Nolasco e o porto de Vitória terminou
em junho de 1941, com a inauguração do ramal ferroviário Ponte Florentino
Ávidos, permitindo que os trens de minério da EFVM fossem descarregados
diretamente no cais do porto.
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