O presente blog tem por escopo demonstrar a intervenção estrangeira na EFVM, desde sua construção até sua estatização por Getúlio Vargas e relacionar as mudanças do traçado da ferrovia com razões de ordem política e econômica, ditadas por vários interesses estrangeiros envolvidos no trajeto.
sexta-feira, 30 de outubro de 2015
quinta-feira, 22 de outubro de 2015
terça-feira, 20 de outubro de 2015
segunda-feira, 19 de outubro de 2015
A EFVM E A COMPANHIA ESTRADA DE FERRO VITÓRIA A MINAS: O PERÍODO INDEPENDENTE (1901-1910)
A Estrada de Ferro Vitória a Minas
(EFVM) começou a ser construída no dia 30 de março de 1903, com o trajeto
inicial de Vitória (ES) à cidade de Diamantina (MG).
A EFVM pertencia à empresa denominada Companhia
Estrada de Ferro Vitória a Minas, organizada em julho de 1901 na liderança dos
engenheiros João Teixeira Soares e Pedro Nolasco Pereira da Cunha.
“João Teixeira Soares foi um dos mais
importantes engenheiros ferroviários do Brasil entre o final do século XIX e o
início do século XX, tendo participado da administração e construção de
diversas ferrovias”. (COELHO E SETTI, 2000)
“Teixeira Soares ocupou o cargo de
presidente da Companhia Estrada de Ferro Vitória a Minas, desde o início da
organização da construção da EFVM (1901) até a vir falecer em agosto de 1927”. (COELHO
E SETTI, 2000)
“Pedro Nolasco foi um empresário no
Brasil no início do século XX, tendo sido fundador e diretor de bancos,
companhia de seguros, indústrias têxteis e de uma das primeiras empresas
privadas de comunicação radiotelegráfica do Brasil com o exterior”. (COELHO E
SETTI, 2000)
Pedro Nolasco foi um dos principais
acionistas da Companhia Estrada de Ferro Vitória a Minas, tendo sucedido
Teixeira Soares na presidência da empresa até o seu falecimento, em janeiro de
1935.
O objetivo original da EFVM era chegar até
Diamantina. Mas a estrada acabou sendo conhecida durante muitos anos por
“Estrada de Ferro Vitória Diamantina”, “Diamantina” ou “EFVD”, sendo também
chamada de “Companhia Estrada de Ferro Vitória a Minas”. Posteriormente, com a
mudança de traçado de Diamantina para Itabira, tornou-se mais conhecida só pelo
nome “Estrada de Ferro Vitória a Minas”.
O traçado original da EFVM foi projetado
para seguir na direção norte a partir de Vitória até alcançar a margem direita
do Rio Doce próximo a Colatina, prosseguindo junto à margem direita, até
cruza-lo próximo a Figueira do Rio Doce (Governador Valadares). A ferrovia
continuaria sempre próxima à margem esquerda do Rio Doce, passando por Figueira
e prosseguindo até atingir a foz do Rio Santo Antônio, de onde seguiria pelo
interior até a cidade de Diamantina.
A concessão obtida pela Companhia
Estrada de Ferro Vitória a Minas junto ao governo federal para construir a
estrada entre Vitória e Diamantina tinha uma série de privilégios, dentre eles
o da chamada “Garantia de Juros”, pagos pelo Governo Federal até certo limite
sobre o capital empreendido na construção da ferrovia. Como a garantia de juros
pagos pelo Governo era quase sempre uma das condições mais importantes para que
uma ferrovia brasileira obtivesse empréstimos junto a bancos estrangeiros, foi
principalmente graças a ela que Pedro Nolasco e Teixeira Soares conseguiriam
levantar no Brasil e na França a maior parte do capital necessário para dar início
à construção da EFVM.
Com os recursos financeiros limitados
que possuía, a Companhia Estrada de Ferro Vitória a Minas optou por traçados
mais simples e de modestas condições técnicas, evitando recorrer ao uso das chamadas
obras de arte de engenharia como túneis, grandes cortes, aterros e limitando a
construção de pontes ao absolutamente indispensável.
O sacrifício das melhores condições
técnicas de traçado em favor de uma construção mais rápida e econômica tinha
como objetivo abrir a ferrovia ao tráfego remunerado no menor tempo possível. A
receita da operação veio para aliviar os encargos financeiros dos empréstimos
adquiridos para a construção.
Com o rápido progresso das obras, o
primeiro trecho da EFVM com cerca de 30 km foi festivamente inaugurado no dia
13 de maio de 1904 entre as estações de Porto Velho e Alfredo Maia, chegando
até o final deste ano com cerca de 50 km de linhas de tráfego.
A estação inicial da EFVM foi prevista
para ser construída na Ilha de São Carlos, mas o atraso na construção de uma
ponte e dos respectivos aterros para sua ligação ao continente fez com que
Porto Velho fosse provisoriamente a estação inicial da EFVM durante cerca de 18
meses.
A estação de São Carlos foi finalmente
inaugurada em dezembro de 1905, sendo estabelecido um serviço de lanchas
através da baía de Vitória em horários correspondentes com os trens da EFVM.
No final do ano de 1905, a extensão da
linha chegava a quase 100 km, mas só
havia três locomotivas a vapor e uma pequena quantidade de vagões e carros de
passageiros em tráfego.
No segundo semestre de 1906, os trilhos
da EFVM chegaram às margens do Rio Doce, sendo a estação de Colatina inaugurada
em dezembro deste ano, numa distância de 154 km por ferrovia até Vitória.
Já durante a construção destes primeiros
trechos, começaram as dificuldades para a obtenção de novos empréstimos no
exterior. A Companhia Estrada de Ferro Vitória a Minas contava com o pagamento
da garantia de juros pelo Governo Federal, mas as dívidas dos empréstimos
anteriores foram se acumulando e as dos bancos credores também, isso devido ao
não pagamento por parte do Governo Federal.
Pressionada pelas dificuldades
financeiras, a construção da EFVM prosseguiu precariamente de uma forma mais
econômica ainda. Entretanto, estas limitações não foram consideradas muito
sérias, a princípio, já que o tráfego nesta época era composto apenas para
pequenos trens mistos. Só vários anos depois, com o aumento do tráfego de
cargas e passageiros, é que as precárias condições da linha no trecho entre
Vitória Colatina passaram a limitar seriamente a lotação dos trens nos dois
trechos.
A Construção da EFVM prosseguiu durante
1907 junto às margens do Rio Doce, chegando a Natividade (atual Aimorés) com
cerca de mais de 200 km de linha já em tráfego. A região de Natividade era a
mais importante acima de Colatina, tornando-se posteriormente uma das estações
que davam maior renda para a EFVM, sobretudo graças ao transporte de café.
Até o final de 1908, a EFVM tinha aberto
quase 300 km de linhas. Os trabalhos de locação e construção foram, entretanto,
se tornando cada vez mais difíceis, à medida que prosseguiam pela densa selva
da Mata Atlântica às margens do Rio Doce.
Dezenas de operários eram incapacitados
diariamente pela malária e outras doenças tropicais endêmicas na região,
causando mortes e deserções que dificultavam cada vez mais o andamento das
obras de acordo com o cronograma previsto.
Para poder dar prosseguimento às obras,
a EFVM foi obrigada a oferecer salários bem mais generosos para os
trabalhadores da construção da linha e promover um mínimo de saneamento básico
nos locais por onde passava com a construção.
Este saneamento acabou sendo muito
importante nos anos seguintes, pois permitiu que um número cada vez maior de
imigrantes se estabelecesse às margens da EFVM, dando início ao desenvolvimento
econômico da região.
Referência
COELHO, Eduardo J.J; SETTI, João Bosco. A E.F. Vitória a Minas e suas locomotivas desde 1904. Rio de Janeiro: Brasil, 2000.
domingo, 18 de outubro de 2015
sexta-feira, 16 de outubro de 2015
CONTEXTO HISTÓRICO DO SURGIMENTO DA FERROVIA
CONTEXTO
HISTÓRICO DO SURGIMENTO DA FERROVIA
Com o advento, na segunda metade do
século XVIII, da máquina a vapor, que veio substituir a energia humana na
produção, acelerou-se não só a produção, mas também o crescente consumo dos
produtos industrializados. Ocorria, então, a chamada revolução industrial na
Inglaterra na década de 1760.
As exportações inglesas cresceram tão
rapidamente quanto nos primeiros sete anos da década de 1850. O que tornou essa
expansão tão satisfatória para os homens de negócios famintos de lucros foi a
combinação do capital barato e um rápido aumento nos preços; os lucros,
aparentemente à espera de produtores, comerciantes e, acima de tudo,
investidores que se apresentavam quase que irresistíveis.
Em primeiro lugar, a economia industrial
nos seus primórdios, descobriu-se graças em grande parte à pressão da busca do
lucro da acumulação do capital – a que Marx chamou de sua “Suprema Realização”:
a estrada de ferro, máquina a vapor, e ao telégrafo “que finalmente representam
os meios de comunicação adequados aos meios de produção” – o espaço geográfico
da economia capitalista poderia, então, multiplicar-se repentinamente na medida
em que a intensidade das transações comerciais aumentasse.
O mundo inteiro tornou-se parte dessa
economia.
A chegada da estrada de ferro foi em si
um símbolo e uma conquista revolucionária. As estradas de ferro revolucionaram
o transporte terrestre até então, assim como ocorrera com os navios a vapor,
tornando-se o principal fomentador da economia, reduzindo custos e tempos.
A ferrovia foi um investimento de grande
rentabilidade, pois permitia uma maior precisão no horário e encurtava
distâncias, barateando custos no transporte, interligando mercados,
transportando grandes quantidades de carga, gerando empregos e formando uma mão
de obra especializada.
Referências:
HOBSBAWM, Eric. A Grande Expansão. In: A
Era do Capital 1848-1875. Paz e Terra, RJ, 1977.
Tese de Dissertação - NETO, Raimundo Drumond. O surgimento da ferrovia: sua história. In: Trilhos e memórias - o significado da EFVM na vida dos moradores da cidade de Nova Era.
Tese de Dissertação - NETO, Raimundo Drumond. O surgimento da ferrovia: sua história. In: Trilhos e memórias - o significado da EFVM na vida dos moradores da cidade de Nova Era.
Assinar:
Comentários (Atom)