O presente blog tem por escopo demonstrar a intervenção estrangeira na EFVM, desde sua construção até sua estatização por Getúlio Vargas e relacionar as mudanças do traçado da ferrovia com razões de ordem política e econômica, ditadas por vários interesses estrangeiros envolvidos no trajeto.
segunda-feira, 21 de dezembro de 2015
quinta-feira, 3 de dezembro de 2015
terça-feira, 24 de novembro de 2015
A EFVM E A ITABIRA IRON: PRIMEIRA FASE (1910-1919)
Foi justamente em meio a toda esta
crise, em 1908, que um grupo de empresários ingleses procurou a diretoria da
Companhia Estrada de Ferro Vitória a Minas para saber do interesse em
transportar minério de ferro da região de Itabira em Minas Gerais – onde sabiam
existir grandes jazidas de minério de ótima qualidade – até o porto de Vitória
por um preço de frete pré-estabelecido.
Interessados na possibilidade de se dar
um novo e definitivo impulso econômico para a EFVM, seus diretores contrataram
imediatamente um estudo de viabilidade de acordo com as condições que o grupo
inglês havia proposto.
Este estudo, apresentado pelo engenheiro
Emílio Schnoor em janeiro de 1909, concluía que o transporte dentro dos preços
pré-estabelecidos pelos ingleses era viável desde que o traçado da ferrovia
fosse alterado de Diamantina para Itabira. Esta já havia sido construída dentro
de padrões técnicos mais rigorosos, dotada de trilhos e pontes de maior
capacidade e eletrificada em toda sua extensão, aproveitando o potencial
hiroelétrico existente no próprio rio Doce e seus afluentes. O estudo também
recomendava que a linha já construída entre Vitória a Colatina fosse
inteiramente retificada ou substituída por outra de condições mais eficientes.
Satisfeito com a conclusão deste estudo,
o grupo inglês voltou à Inglaterra e lá organizou o Brazilian Hematite
Syndicate, que imediatamente comprou as fazendas onde ficavam as principais
jazidas de minério de ferro na região de Itabira.
Não desejando perder a vantagem que possuía,
o Brazilian Hematite Syndicate negociou com Pedro Nolasco uma opção para compra
do controle acionário da Companhia Estrada de Ferro Vitória a Minas,
condicionada à aprovação pelo Governo Federal da mudança do traçado da EFVM de
Diamantina para Itabira.
O Governo Federal, ao mesmo tempo
interessado no desenvolvimento que a exportação de minério de ferro poderia
trazer para o país, mas também pressionado por influentes políticos mineiros
que queriam uma ferrovia para Diamantina, acabou agindo para atender ambas as
partes, concordando, em princípio, com a mudança do traçado da EFVM para
Itabira, mas autorizou, primeiramente em junho de 1909, que a Companhia Estrada
de Ferro Vitória a Minas construísse um “ramal da EFVM” até Diamantina, só que
partindo de Curralinho (atual Corinto, MG), onde poderia fazer o entroncamento
com a linha do Centro da Estrada de Ferro Central do Brasil (EFCB).
Como a diretoria da Companhia Estrada de
Ferro Vitória a Minas aceitou o acordo nestas condições, obrigando-se a
construir este “ramal da EFVM”, destinado a nunca fazer uma ligação com a linha
tronco da EFVM entre Vitória e Itabira, isso só pode ser explicado pelo
espirito audacioso de Pedro Nolasco e Teixeira Soares em apostar o futuro da
EFVM no desenvolvimento da exportação do minério de ferro.
Cumprindo a outra parte do acordo, o
Governo Federal aprovou a mudança do traçado da EFVFM para Itabira num decreto
de dezembro de 1909, impondo ainda várias outras obrigações como a
eletrificação e a remodelação da linha, e o estabelecimento de uma usina
siderúrgica capaz de uma produção anual mínima de 120.000 toneladas.
Com a mudança do traçado aprovado pelo
Governo federal, o Brazilian Hematite Syndicate, finalmente, adquiriu em 1910 o
controle acionário da Companhia Estrada de Ferro Vitória a Minas, garantindo a
efetiva propriedade da EFVM.
O ramal de Diamantina com cerca de 148
km entre Curralinho e Diamantina, também referido como “ramal da EFVM” ou
“Linha de curralinho” nos relatórios da EFVM, começou a ser construído a partir de Curralinho ainda em 1909,
chegando a Diamantina com a inauguração desta estação no dia 5 de maio de 1914.
Como já era previsto, a exploração do
ramal Diamantina acabou sendo inteiramente deficitária, tornando-se um fardo
econômico para a EFVM, até que a sua diretoria conseguisse habilmente que o
ramal fosse encampado pelo Governo Federal e entregue à Central do Brasil em
novembro de 1920, inclusive com pagamento pelo Governo de uma indenização
parcial pelo valor dos bens e materiais existentes.
Quando as negociações para o transporte
de minério de ferro já estavam praticamente acertadas com o Brazilian Hematite
Syndicate durante o ano de 1910, foram elaborados também projetos detalhados
para eletrificação de toda a EFVM, incluindo os trechos a construir e
remodelar.
O projeto de eletrificação foi
contratado à firma inglesa Dick, Kerr & Company e orçado em ₤ 3,640,000.
Na Inglaterra, com a associação de
banqueiros poderosos, o Brazilian Hematite Syndicate foi reorganizado numa nova
firma denominada Itabira Iron Ore Company, autorizada a se estabelecer como
empresa no Brasil em junho de 1911.
Entretanto, a legislação brasileira da
época exigia que a exportação de minério fosse aprovada também pelo Governo de
Minas Gerais, e este exigiu que a Itabira Iron pagasse adiantado uma quantia
referente ao frete acordado por um determinado período.
Como a Itabira Iron se recusou a fazer
este pagamento, todo empreendimento no Brasil ficou praticamente paralisado,
incluindo as obras de eletrificação que mal haviam começado.
Apenas a construção da linha continuou
da mesma forma precária e econômica anterior e assim mesmo só até janeiro de
1915 por conta do inicio da Primeira Guerra Mundial. A estação de Figueira do
Rio Doce (atual Governador Valadares, MG) foi inaugurada em agosto de 1910, e
até o final de 1914 estavam abertas ao tráfego 443 km de linhas e 26 estações.
Mesmo com a questão do contrato com o
Governo de Minas Gerais não tendo sido resolvida, a Itabira Iron tentou sem
sucesso obter os capitais necessários para realização de seu empreendimento no
período entre 1911 e 1914.
Novos projetos detalhados foram
elaborados, desta vez por Gustave Gillman, que desde 1910 era o
engenheiro-chefe e superintendente geral da EFVM.
O “Plano Gillman”, como ficou conhecido,
foi o primeiro a contemplar a construção de um porto dedicado ao transbordo de
minérios em navios de grande calado, escolhendo para isto um local às margens
do Rio Piraqueassú, a cerca de 5 km de sua foz no Oceano Atlântico, conhecido
como porto de Santa Cruz (atual Aracruz, ES), eliminando com isto a necessidade
de se retificar a maior parte do péssimo traçado entre Colatina e Vitória.
O novo projeto previa condições técnicas
ainda melhores para o transporte de minério.
Pelo novo traçado do “Plano Gillman”, a
linha da EFVM prosseguiria pela margem esquerda do Rio Doce após cruzar o Rio
Santo Antônio, continuando até a foz do Rio Piracicaba e daí pelo vale deste
rio, e depois pelo vale do Rio do Peixe até Itabira.
Os orçamentos do “Plano Gillman”
chegavam, entretanto, a ₤ 12,000,000, quantia já muito difícil de obter no
mercado europeu em meio às crises políticas que acabariam levando à Primeira
Guerra Mundial em 1914.
Além disto, vários banqueiros da Europa,
sobretudo da Alemanha, temiam que os investimentos em ferrovias no Brasil
estivessem para sofrer um duro golpe com a falência da Brazil Railway Company
do milionário investidor Percival Farqhuar.
A Brazil Railway era a maior empresa
ferroviária do Brasil na época, onde muitos banqueiros franceses haviam
investido pesadamente entre 1906 e 1912.
Os banqueiros europeus passaram a fazer
uma série de exigências à Itabira Iron, dentre elas a de que o Governo Federal
garantisse os empréstimos no padrão ouro, imune a desvalorizações. A Itabira
Iron ainda tentou obter este privilégio junto ao Governo Federal, desencadeando
contra ela no Brasil uma séria oposição com denuncia do chamado “escandaloso
plano de ourificação da Itabira”, nos meios políticos e na imprensa.
Esta oposição não tinha apenas raízes
nacionalistas, como muitos achavam, mas escondia também os interesses de grupos
nacionais e estrangeiros rivais que passaram a pressionar o Governo Federal
para sabotar o possível monopólio que a Itabira Iron poderia usufruir no
transporte do minério através da EFVM.
Terminada a Primeira Guerra Mundial, em
1918, a Itabira Iron passou novamente por uma reorganização de acionistas,
sendo controlada por grupos ligados à indústria do aço inglesa.
Os novos acionistas procuraram obter
apoio financeiro dos Estados Unidos, tentando primeiramente estabelecer
contratos de venda de minério ao longo prazo com a Bethlem Steel e a United
States Steel – principais grupos da indústria siderúrgica americana.
Como nenhum destes grupos mostrou-se
interessado, a Itabira Iron decidiu em 1919 procurar nos Estados Unidos um
representante que tivesse longa experiência em negócios no Brasil, recorrendo,
então, justamente a Percival Farqhuar.
Referência
COELHO, Eduardo JJ; SETTI, João Bosco. A E F. Vitória a
Minas e suas locomotivas desde 1904. Rio de Janeiro: Brasil, 2000.
quinta-feira, 5 de novembro de 2015
RIO DO DOCE (IMPRESSÕES DE UMA ÉPOCA – PRIMÓRDIOS DO SÉCULO XX)
Em Minas Gerais está não só a maior,
como a mais rica porção da bacia hidrográfica do Rio Doce, com as jazidas
minerais, as cachoeiras, seus mais poderosos e numerosos rios tributários, as
mais importantes cidades. Para o Espírito Santo, que ele corta em duas metades
(uma ao norte, outra ao sul), o rio tem uma relevância vital, que não foi ainda
devidamente explorada e que, ao contrário, se vem depreciando a cada ano.
Como cidades mais importantes na bacia,
podemos citar: Ponte Nova, Viçosa, Guanhães, Alto Rio Doce, Presidente Vargas
(antiga Itabira), Manhuaçu, Mariana, Ouro Preto, Ferros, Caratinga, Aimorés,
Colatina, Linhares, Governador Valadares.
Dos rios tributários, o mais importante
é o Rio Piracicaba, particularmente pela grande atração das montanhas de
minério de ferro e manganês. Ali, nas cabeceiras do Rio do Peixe, afluente da
margem esquerda do Piracicaba, está a famosa cidade de Itabira, onde se
encontra o minério de ferro abundante, da melhor qualidade e elevado teor
metálico.
Mas à grandeza do Rio Doce faltou um
elemento primordial: tivesse ele tido a ventura de atrair a si uma ferrovia,
liderada por acentuado espírito público e uma larga visão de progresso, como nas
outras regiões mais ditosas, e o Rio Doce de hoje seria o que todos aspiramos
que ele fosse – algo de grandioso.
Só duas atividades foram planejadas no
Rio Doce: primeiro a Estrada de Ferro Vitória a Minas, depois a extração do
minério. Nenhuma delas beneficiou ainda a terra, ou o homem da bacia do Rio
Doce; isso porque não houve um planejamento em que se cogitasse para primeiro
plano a terra ou homem desta bacia.
Depois da Primeira Guerra Mundial, os
desajustamentos decorrentes do desequilíbrio econômico do pós-guerra forçaram a
organização da extração do minério em larga escala, algumas cidade interessaram-se
pelo aproveitamento das sobras das atividades dela decorrentes, mas só nas
imediações das jazidas em exploração, na parte alta da bacia.
Exploraram-se as reservas naturais da
região para solucionar o problema econômico nacional. Mas é preciso não
esquecer que a região geográfica que tão fortemente contribui para o conjunto,
tem o direito de ser beneficiada com uma parcela do que ela produz, que a ele
deve reverter transformada em possibilidade de progresso, em benefícios de
civilização e de cultura, uma parcela da produção bruto que dela sai para
objetivos da coletividade brasileira.
O Rio Doce, no início do século XX, era
para o brasileiro um rincão lendário e não localizado. Terra de ninguém. Pela
margem sul, esgueirava-se uma ferrovia, imprensada entre a faixa lisa e
barrenta do rio e as encostas sulcadas pelos cortes, por vezes entre dois muros
de gnaisse, na tentativa quase inútil, por que simulada, de levar civilização,
só animada na realidade pelo incentivo tentador de alcançar para capitais
estrangeiros as montanhas de minério de Itabira.
Na riqueza daquele caminho líquido
desprezado, numa região onde não havia estradas pela dificuldade de
construí-las, que poderia ser aproveitado, ao menos por trechos, e que só trazia
à sofredora população marginal os prejuízos das enchentes e o perigo dos
mosquitos da febre, nas vazantes.
REFERÊNCIA
MIRANDA, Salm. Rio Doce (Impressões de uma época). Rio de janeiro: Biblioteca do Exército. 1949.
MIRANDA, Salm. Rio Doce (Impressões de uma época). Rio de janeiro: Biblioteca do Exército. 1949.
quarta-feira, 4 de novembro de 2015
segunda-feira, 2 de novembro de 2015
domingo, 1 de novembro de 2015
sexta-feira, 30 de outubro de 2015
quinta-feira, 22 de outubro de 2015
terça-feira, 20 de outubro de 2015
segunda-feira, 19 de outubro de 2015
A EFVM E A COMPANHIA ESTRADA DE FERRO VITÓRIA A MINAS: O PERÍODO INDEPENDENTE (1901-1910)
A Estrada de Ferro Vitória a Minas
(EFVM) começou a ser construída no dia 30 de março de 1903, com o trajeto
inicial de Vitória (ES) à cidade de Diamantina (MG).
A EFVM pertencia à empresa denominada Companhia
Estrada de Ferro Vitória a Minas, organizada em julho de 1901 na liderança dos
engenheiros João Teixeira Soares e Pedro Nolasco Pereira da Cunha.
“João Teixeira Soares foi um dos mais
importantes engenheiros ferroviários do Brasil entre o final do século XIX e o
início do século XX, tendo participado da administração e construção de
diversas ferrovias”. (COELHO E SETTI, 2000)
“Teixeira Soares ocupou o cargo de
presidente da Companhia Estrada de Ferro Vitória a Minas, desde o início da
organização da construção da EFVM (1901) até a vir falecer em agosto de 1927”. (COELHO
E SETTI, 2000)
“Pedro Nolasco foi um empresário no
Brasil no início do século XX, tendo sido fundador e diretor de bancos,
companhia de seguros, indústrias têxteis e de uma das primeiras empresas
privadas de comunicação radiotelegráfica do Brasil com o exterior”. (COELHO E
SETTI, 2000)
Pedro Nolasco foi um dos principais
acionistas da Companhia Estrada de Ferro Vitória a Minas, tendo sucedido
Teixeira Soares na presidência da empresa até o seu falecimento, em janeiro de
1935.
O objetivo original da EFVM era chegar até
Diamantina. Mas a estrada acabou sendo conhecida durante muitos anos por
“Estrada de Ferro Vitória Diamantina”, “Diamantina” ou “EFVD”, sendo também
chamada de “Companhia Estrada de Ferro Vitória a Minas”. Posteriormente, com a
mudança de traçado de Diamantina para Itabira, tornou-se mais conhecida só pelo
nome “Estrada de Ferro Vitória a Minas”.
O traçado original da EFVM foi projetado
para seguir na direção norte a partir de Vitória até alcançar a margem direita
do Rio Doce próximo a Colatina, prosseguindo junto à margem direita, até
cruza-lo próximo a Figueira do Rio Doce (Governador Valadares). A ferrovia
continuaria sempre próxima à margem esquerda do Rio Doce, passando por Figueira
e prosseguindo até atingir a foz do Rio Santo Antônio, de onde seguiria pelo
interior até a cidade de Diamantina.
A concessão obtida pela Companhia
Estrada de Ferro Vitória a Minas junto ao governo federal para construir a
estrada entre Vitória e Diamantina tinha uma série de privilégios, dentre eles
o da chamada “Garantia de Juros”, pagos pelo Governo Federal até certo limite
sobre o capital empreendido na construção da ferrovia. Como a garantia de juros
pagos pelo Governo era quase sempre uma das condições mais importantes para que
uma ferrovia brasileira obtivesse empréstimos junto a bancos estrangeiros, foi
principalmente graças a ela que Pedro Nolasco e Teixeira Soares conseguiriam
levantar no Brasil e na França a maior parte do capital necessário para dar início
à construção da EFVM.
Com os recursos financeiros limitados
que possuía, a Companhia Estrada de Ferro Vitória a Minas optou por traçados
mais simples e de modestas condições técnicas, evitando recorrer ao uso das chamadas
obras de arte de engenharia como túneis, grandes cortes, aterros e limitando a
construção de pontes ao absolutamente indispensável.
O sacrifício das melhores condições
técnicas de traçado em favor de uma construção mais rápida e econômica tinha
como objetivo abrir a ferrovia ao tráfego remunerado no menor tempo possível. A
receita da operação veio para aliviar os encargos financeiros dos empréstimos
adquiridos para a construção.
Com o rápido progresso das obras, o
primeiro trecho da EFVM com cerca de 30 km foi festivamente inaugurado no dia
13 de maio de 1904 entre as estações de Porto Velho e Alfredo Maia, chegando
até o final deste ano com cerca de 50 km de linhas de tráfego.
A estação inicial da EFVM foi prevista
para ser construída na Ilha de São Carlos, mas o atraso na construção de uma
ponte e dos respectivos aterros para sua ligação ao continente fez com que
Porto Velho fosse provisoriamente a estação inicial da EFVM durante cerca de 18
meses.
A estação de São Carlos foi finalmente
inaugurada em dezembro de 1905, sendo estabelecido um serviço de lanchas
através da baía de Vitória em horários correspondentes com os trens da EFVM.
No final do ano de 1905, a extensão da
linha chegava a quase 100 km, mas só
havia três locomotivas a vapor e uma pequena quantidade de vagões e carros de
passageiros em tráfego.
No segundo semestre de 1906, os trilhos
da EFVM chegaram às margens do Rio Doce, sendo a estação de Colatina inaugurada
em dezembro deste ano, numa distância de 154 km por ferrovia até Vitória.
Já durante a construção destes primeiros
trechos, começaram as dificuldades para a obtenção de novos empréstimos no
exterior. A Companhia Estrada de Ferro Vitória a Minas contava com o pagamento
da garantia de juros pelo Governo Federal, mas as dívidas dos empréstimos
anteriores foram se acumulando e as dos bancos credores também, isso devido ao
não pagamento por parte do Governo Federal.
Pressionada pelas dificuldades
financeiras, a construção da EFVM prosseguiu precariamente de uma forma mais
econômica ainda. Entretanto, estas limitações não foram consideradas muito
sérias, a princípio, já que o tráfego nesta época era composto apenas para
pequenos trens mistos. Só vários anos depois, com o aumento do tráfego de
cargas e passageiros, é que as precárias condições da linha no trecho entre
Vitória Colatina passaram a limitar seriamente a lotação dos trens nos dois
trechos.
A Construção da EFVM prosseguiu durante
1907 junto às margens do Rio Doce, chegando a Natividade (atual Aimorés) com
cerca de mais de 200 km de linha já em tráfego. A região de Natividade era a
mais importante acima de Colatina, tornando-se posteriormente uma das estações
que davam maior renda para a EFVM, sobretudo graças ao transporte de café.
Até o final de 1908, a EFVM tinha aberto
quase 300 km de linhas. Os trabalhos de locação e construção foram, entretanto,
se tornando cada vez mais difíceis, à medida que prosseguiam pela densa selva
da Mata Atlântica às margens do Rio Doce.
Dezenas de operários eram incapacitados
diariamente pela malária e outras doenças tropicais endêmicas na região,
causando mortes e deserções que dificultavam cada vez mais o andamento das
obras de acordo com o cronograma previsto.
Para poder dar prosseguimento às obras,
a EFVM foi obrigada a oferecer salários bem mais generosos para os
trabalhadores da construção da linha e promover um mínimo de saneamento básico
nos locais por onde passava com a construção.
Este saneamento acabou sendo muito
importante nos anos seguintes, pois permitiu que um número cada vez maior de
imigrantes se estabelecesse às margens da EFVM, dando início ao desenvolvimento
econômico da região.
Referência
COELHO, Eduardo J.J; SETTI, João Bosco. A E.F. Vitória a Minas e suas locomotivas desde 1904. Rio de Janeiro: Brasil, 2000.
domingo, 18 de outubro de 2015
sexta-feira, 16 de outubro de 2015
CONTEXTO HISTÓRICO DO SURGIMENTO DA FERROVIA
CONTEXTO
HISTÓRICO DO SURGIMENTO DA FERROVIA
Com o advento, na segunda metade do
século XVIII, da máquina a vapor, que veio substituir a energia humana na
produção, acelerou-se não só a produção, mas também o crescente consumo dos
produtos industrializados. Ocorria, então, a chamada revolução industrial na
Inglaterra na década de 1760.
As exportações inglesas cresceram tão
rapidamente quanto nos primeiros sete anos da década de 1850. O que tornou essa
expansão tão satisfatória para os homens de negócios famintos de lucros foi a
combinação do capital barato e um rápido aumento nos preços; os lucros,
aparentemente à espera de produtores, comerciantes e, acima de tudo,
investidores que se apresentavam quase que irresistíveis.
Em primeiro lugar, a economia industrial
nos seus primórdios, descobriu-se graças em grande parte à pressão da busca do
lucro da acumulação do capital – a que Marx chamou de sua “Suprema Realização”:
a estrada de ferro, máquina a vapor, e ao telégrafo “que finalmente representam
os meios de comunicação adequados aos meios de produção” – o espaço geográfico
da economia capitalista poderia, então, multiplicar-se repentinamente na medida
em que a intensidade das transações comerciais aumentasse.
O mundo inteiro tornou-se parte dessa
economia.
A chegada da estrada de ferro foi em si
um símbolo e uma conquista revolucionária. As estradas de ferro revolucionaram
o transporte terrestre até então, assim como ocorrera com os navios a vapor,
tornando-se o principal fomentador da economia, reduzindo custos e tempos.
A ferrovia foi um investimento de grande
rentabilidade, pois permitia uma maior precisão no horário e encurtava
distâncias, barateando custos no transporte, interligando mercados,
transportando grandes quantidades de carga, gerando empregos e formando uma mão
de obra especializada.
Referências:
HOBSBAWM, Eric. A Grande Expansão. In: A
Era do Capital 1848-1875. Paz e Terra, RJ, 1977.
Tese de Dissertação - NETO, Raimundo Drumond. O surgimento da ferrovia: sua história. In: Trilhos e memórias - o significado da EFVM na vida dos moradores da cidade de Nova Era.
Tese de Dissertação - NETO, Raimundo Drumond. O surgimento da ferrovia: sua história. In: Trilhos e memórias - o significado da EFVM na vida dos moradores da cidade de Nova Era.
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