quarta-feira, 12 de abril de 2017

A EFVM E A ITABIRA IRON: SEGUNDA FASE (1919-1939) - PARTE 5

Mesmo assim Pedro Nolasco mandou construir mais 1 km de linha na direção de Itabira à revelia do Governo, como forma de protesto contra a intervenção no desenvolvimento de sua estrada.
O tráfego da EFVM em 1930 é bem representativo da média do final da década de 20 e início dos anos 30. Havia trens regulares de passageiros entre Vitória e Figueira (Governador Valadares) e mistos até as demais estações já inauguradas. O tráfego de passageiros era então uma das principais fontes de renda da EFVM, motivando até a compra junto à fabrica Baldwin nos Estados Unidos, respectivamente em 1930 e 1931 de duas locomotivas.
Entre 1931 e 1937 o Governo Federal examinou a revisão do contrato da Itabira Iron exaustivamente, através de sucessivas comissões para analisar o problema do ponto de vista de transportes, siderurgia, segurança nacional, etc...
Farqhuar, que veio ao Brasil em outubro de 1931 para uma audiência com o Presidente Getúlio Vargas sobre a Itabira Iron, acabou permanecendo no Rio de Janeiro durante toda a década de 30 para defender seu projeto perante as comissões.
Durante este período, a campanha difamatória contra Farqhuar e a Itabira Iron atingiu seu auge, financiada por nacionalistas brasileiros e representantes dos grupos estrangeiros interessados  nos mesmos privilégios que Farqhuar havia conseguido durante o Governo anterior.
Para a EFVM, surgiu pela primeira vez uma esperança de um futuro melhor, quando o parecer de uma das comissões revisoras sugeriu que Farqhuar não deveria construir uma ferrovia inteiramente nova, e sim remodelar e aparelhar a EFVM para o transporte de minério de ferro.
Como a EFVM era uma concessão do próprio Governo para prestação de um serviço público remunerado, esta era logicamente a única saída politicamente aceitável perante o Governo na época, permitindo que toda a economia da região pudesse ser beneficiada com os melhoramentos a serem feitos na EFVM.
Entretanto, ainda obstinado com seu grandioso projeto original, Farqhuar era contra qualquer tipo de concessão que obrigasse a sua Itabira Railway a fazer transporte geral de terceiros ou até mesmo o serviço de passageiros.
Mais uma vez, na prática, os planos de  Farqhuar significavam que a EFVM ficaria com o “osso”, ou seja, os prejuízos, enquanto a Itabira Railway ficaria com o “filé mignon”, ou seja, com todos os lucros decorrentes do seu privilégio.
Pedro Nolasco e os demais administradores da EFVM obviamente não viam com bons olhos os planos de Farqhuar, embora evitassem expressar publicamente suas opiniões frente ao poderoso empresário americano que afinal de contas representava os proprietários da EFVM.
Mesmo assim, motivada ainda pelo inabalável Pedro Nolasco, a administração brasileira da EFVM contava com uma solução onde a dita Itabira Railway seria na prática a futura EFVM inteiramente remodelada para o transporte de minério, já que a ferrovia existente não passava de uma linha “linha de serviço”, como Pedro Nolasco se referia.
Os inimigos de Farqhuar, entretanto, não perderam tempo em manipular o velado antagonismo existente entre ele e a EFVM.

Num dos ataques mais explícitos, o Diário Carioca de 22 de julho de 1933, noticiou como “O Crepúsculo da Itabira Iron”, que a EFVM estava desenvolvendo intensos esforços no sentido de conseguir encampação das suas linhas pelo Estado de Minas Gerais, “sendo a transação que estaria sendo negociada ‘O canto do cisne’ dos planos imperialistas do Sr. Percival Farqhuar”... já que “efetivamente, o controle daquela ferrovia era a base da gigantesca empresa que o arrojado homem de negócios pretendia organizar para monopolizar a indústria do ferro no Brasil”... tendo desta maneira “o fim melancólico dos negócios que não chegaram a viver”.

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