Farqhuar, por
sua vez, continuou a ter o apoio do poderoso jornalista Assis Chateaubriand,
que chegou a denunciar através de artigos e editoriais que os inimigos da
Itabira Iron haviam organizado até mesmo um “lobby de favores sexuais” para
influenciar os membros das comissões revisoras, contratando para isto as
mulheres mais caras dos bordéis de luxo do Rio de Janeiro.
Como se não bastasse a burocracia oficial, o
clima político conturbado da época também fez com que o trabalho das comissões
fosse muito vagaroso, havendo várias longas interrupções devido a Revolução
Constitucionalista de 1932, em São Paulo e as eleições e trabalhos da
Assembleia Constituinte entre 1933 e 1934.
Finalmente em
maio de 1935 o Presidente Getúlio Vargas encaminhou para aprovação pelo
Congresso Nacional a nova revisão do projeto, que para desapontamento dos
setores mais nacionalistas do Governo, mantinha as principais características
do contrato de 1928.
Além dos
próprios ingleses, alguns dos mais poderosos grupos siderúrgicos da Alemanha
também já manifestavam seu interesse no minério da Itabira Iron, estimulados
justamente pelo grande rearmamento patrocinado pelo regime nazista.
Entretanto,
quando se falava em investimentos no Brasil, nenhum destes grupos parecia estar
disposto a assumir maiores compromissos, não só pela indefinição das concessões
da Itabira Iron, mas temendo também que o negocio pudesse ser inviabilizado por
um novo conflito.
Mesmo assim
Farqhuar manteve vários contatos com Fritz Thyssen – um dos maiores “Barões do
Aço” da Alemanha – na tentativa de negociar até mesmo a troca de minério de
ferro por material ferroviário, culminando inclusive com uma visita pessoal de
Thyssen a Itabira, durante sua breve passagem pelo Brasil em 1935.
Com a tensa
situação política mundial, a aproximação de Farqhuar com os grupos siderúrgicos
alemães começou a causar sérias preocupações em setores do Governo Americano,
temendo, como o próprio Farqhuar reconheceu posteriormente, que o minério do
Brasil servisse de matéria prima para a expansão bélica nazista contra os demais
países da Europa e os próprios Estados Unidos.
Enquanto isso no
Brasil, a regulamentação do projeto da Itabira Iron ficou engavetada no
Congresso Nacional durante todo o ano de 1936, até “morrer de inanição” como
diriam alguns deputados no ano seguinte. Por trás desta morosidade, estava mais
uma vez a pressão política devido aos interesses econômicos de grupos que se
sentiam prejudicados, muitas vezes disfarçados atrás de um ferrenho
nacionalismo.
Em meio a todo
este clima politicamente desfavorável, Farqhuar deu o primeiro sinal de uma
revisão pragmática de seus planos, permitindo que a EFVM celebrasse um notável
acordo comercial com a alegada concorrente Companhia Siderúrgica Belgo-Mineira
para financiamento de vagões e locomotivas para a EFVM em troca do abatimento
dos fretes de transporte de carvão vegetal até a nova usina siderúrgica em João
Monlevade, inaugurada em julho de 1937.
Este acordo
marcou o início de um tímido programa de modernização da EFVM, inclusive com a
remuneração de quase todas as suas locomotivas, em janeiro de 1937, para
agrupar aquelas que possuíam características semelhantes, de modo a facilitar a
lotação dos trens de acordo com a sua capacidade.
A influência dos
acontecimentos políticos do Brasil na história da EFVM ganhou uma nova fase a
partir de 10 de novembro de 1937, quando o Congresso acabou fechado pelo golpe
que instituiu o regime ditatorial de inspiração fascista conhecido como Estado
Novo, mantendo Getúlio Vargas na Presidência com o apoio dos setores mais
nacionalista da burguesia e das forças armadas.
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