“Artigo 10.°
As duas primeiras fábricas que se fundarem dentro do Estado para a redução de
minério de ferro, empregando capital realizado de dois mil contos de réis,
ficam isentas, por cinco anos, do imposto de exportação, quer sobre o minério
que exportar até meio milhão de toneladas por ano, quer sobre o ferro guza e
aço”.
A orientação
dos dirigentes do Estado de Minas Gerais está definida nessa lei, e confirmada
na lei n.572, de 11 de setembro de 1911, conhecendo favores aos concessionários
Carlos Wigg e Trajamo deMedeiros, concessionários do contrato federal de 22 de
fevereiro de 1911.
Preocupavam os
dirigentes do Estado às aquisições de grande número de jazidas de minério de
ferro por sindicatos estrangeiros e por algumas empresas nacionais.
Esses
sindicatos constituíram quatro grupos que se tornaram proprietários das
seguintes jazidas de minério de ferro:
·
Grupo Inglês – representado pela “Itabira Iron
Ore Company, Limited, adquiriu três jazidas: Conceição, Caué e Giráo, todas em
Itabira do Mato Dentro.
·
Grupo Americano – representado pela “Brazil Lien
Iron and Steel”, adquiriu: em Itabira do Mato dentro as jazidas de Esmeril e
periquito; em Rio
Piracicaba a do Agudo; e no município de Mariana a de
Alegria.
·
Grupo Alemão: representado pela Deutsch
Luxemburgich Beyaerk inHuten Ackitiengesellschaft, adquiriu: no município de
Sabará a jazida do Gaya; no município de Bonfim a do Córrego do Feijão.
·
Grupo Francês – constituído por três grupos
diferentes: a) o da “Societé Civil dês Mines de Fer de Jangada”, representado
por Jules Bernard, Mathien Goudechaux e C.ª, adquiriu, no município de Bonfim a
jazida da Jangada; b) o da Bracuhy Falls C.ª, representado por dois brasileiros
e por M. Methayer,professor de I’Ecole de Mines e diretor das usinas de Basse
Loire, adquiriu, no município de Bonfim, as jazidas de Nhotin e do Medonça; o
da Sociedade Franco Brasileira, adquiriu no município de Itabira, as jazidas
denominadas Andrade.
As aquisições
dessas poderosas concentrações de minério de ferro, mão assiste indiferente a
quase secular Companhia exploradora de ouro “The S. John del Rey Gold Mining”.
E assim que, lentamente, aproveitando oportunidades, passou, também, a
adquirir, por preços irrisórios, grandes tratos de terrenos em que ocorriam
importantes depósitos de minério de ferro e de manganês, fazendo crer que
entrava em suas cogitações da indústria siderúrgica.
Essa Companhia
desse modo estende as suas propriedades desde o Pico de Itabira do Campo até a
Serra da Moeda, próximo de Belo Horizonte, compreendendo grande parte da Serra
da Moeda.
Os
concessionários Wigg e Trajano, do contrato de 22 de fevereiro de 1911,
adquirem as jazidas restantes na Serra da Moeda, para o lado sul, abrangendo as
denominadas Segredo, Vargem do Lopes, Veado, Barra, Marinho e Retiro da Serra.
O Governo do
Estado via, assim, que as importantes jazidas de minério de ferro, localizadas
nas vertentes dos rios das Velhas e Paraopeba, parte central do Estado, como as
da bacia hidráulica do rio Doce, parte nordeste do Estado, estavam sendo, ou já
tinham sido adquiridas, por sindicatos estrangeiros, aquisições que se
justificavam no objetivo de exportação de minério de ferro e manganês.
Era natural
que procurasse defender o elemento básico de desenvolvimento econômico do país,
por não estar na transfusão de sua vitalidade futura, no organismo, pela
carência dessa matéria prima, da indústria localizada no estrangeiro, a sua
independência econômica, sem o qual a política é uma pura ficção.
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