sábado, 22 de abril de 2017

HISTÓRIA DA CONSTITUIÇÃO DA ITABIRA IRON ORE COMPANY, LIMITED - PARTE 2

“Artigo 10.° As duas primeiras fábricas que se fundarem dentro do Estado para a redução de minério de ferro, empregando capital realizado de dois mil contos de réis, ficam isentas, por cinco anos, do imposto de exportação, quer sobre o minério que exportar até meio milhão de toneladas por ano, quer sobre o ferro guza e aço”.
A orientação dos dirigentes do Estado de Minas Gerais está definida nessa lei, e confirmada na lei n.572, de 11 de setembro de 1911, conhecendo favores aos concessionários Carlos Wigg e Trajamo deMedeiros, concessionários do contrato federal de 22 de fevereiro de 1911.
Preocupavam os dirigentes do Estado às aquisições de grande número de jazidas de minério de ferro por sindicatos estrangeiros e por algumas empresas nacionais.
Esses sindicatos constituíram quatro grupos que se tornaram proprietários das seguintes jazidas de minério de ferro:
·         Grupo Inglês – representado pela “Itabira Iron Ore Company, Limited, adquiriu três jazidas: Conceição, Caué e Giráo, todas em Itabira do Mato Dentro.
·         Grupo Americano – representado pela “Brazil Lien Iron and Steel”, adquiriu: em Itabira do Mato dentro as jazidas de Esmeril e periquito; em Rio Piracicaba a do Agudo; e no município de Mariana a de Alegria.
·         Grupo Alemão: representado pela Deutsch Luxemburgich Beyaerk inHuten Ackitiengesellschaft, adquiriu: no município de Sabará a jazida do Gaya; no município de Bonfim a do Córrego do Feijão.
·         Grupo Francês – constituído por três grupos diferentes: a) o da “Societé Civil dês Mines de Fer de Jangada”, representado por Jules Bernard, Mathien Goudechaux e C.ª, adquiriu, no município de Bonfim a jazida da Jangada; b) o da Bracuhy Falls C.ª, representado por dois brasileiros e por M. Methayer,professor de I’Ecole de Mines e diretor das usinas de Basse Loire, adquiriu, no município de Bonfim, as jazidas de Nhotin e do Medonça; o da Sociedade Franco Brasileira, adquiriu no município de Itabira, as jazidas denominadas Andrade.

As aquisições dessas poderosas concentrações de minério de ferro, mão assiste indiferente a quase secular Companhia exploradora de ouro “The S. John del Rey Gold Mining”. E assim que, lentamente, aproveitando oportunidades, passou, também, a adquirir, por preços irrisórios, grandes tratos de terrenos em que ocorriam importantes depósitos de minério de ferro e de manganês, fazendo crer que entrava em suas cogitações da indústria siderúrgica.
Essa Companhia desse modo estende as suas propriedades desde o Pico de Itabira do Campo até a Serra da Moeda, próximo de Belo Horizonte, compreendendo grande parte da Serra da Moeda.
Os concessionários Wigg e Trajano, do contrato de 22 de fevereiro de 1911, adquirem as jazidas restantes na Serra da Moeda, para o lado sul, abrangendo as denominadas Segredo, Vargem do Lopes, Veado, Barra, Marinho e Retiro da Serra.
O Governo do Estado via, assim, que as importantes jazidas de minério de ferro, localizadas nas vertentes dos rios das Velhas e Paraopeba, parte central do Estado, como as da bacia hidráulica do rio Doce, parte nordeste do Estado, estavam sendo, ou já tinham sido adquiridas, por sindicatos estrangeiros, aquisições que se justificavam no objetivo de exportação de minério de ferro e manganês.

Era natural que procurasse defender o elemento básico de desenvolvimento econômico do país, por não estar na transfusão de sua vitalidade futura, no organismo, pela carência dessa matéria prima, da indústria localizada no estrangeiro, a sua independência econômica, sem o qual a política é uma pura ficção. 

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