sábado, 8 de abril de 2017

A EFVM E A ITABIRA IRON: SEGUNDA FASE (1919-1939) - PARTE 4

O engenheiro Russel iniciou seus trabalhos no Brasil em julho de 1929, montando uma equipe de técnicos americanos e brasileiros que estudaram por meses a fio qual seria o melhor traçado entre Itabira e o Porto de Santa Cruz.
Pelo projeto Russel, a linha seguiria pela margem direita do rio Doce entre Derribadinha e a foz do rio Piracicaba, numa sucessão de túneis e grandes viadutos metálicos semelhantes ao das mais modernas ferrovias americanas.
Nos planos de Farqhuar, mais uma vez caberia à EFVM apenas o papel de linha auxiliar da Itabira Railway, agora já chamada com frequência de Estrada de Ferro Itabira na imprensa do Rio de Janeiro, deixando a EFVM o transporte de passageiros e todo o resto que “atrapalhasse” o transporte de minério. Pelo projeto Russel, a EFVM seria remodelada apenas nos trechos acima da foz do rio Piracicaba e entre Derribadinha e Colatina, onde a linha de bitola métrica da EFVM correria dentro da linha de bitola 1,435 metro da Estrada de Ferro Itabira.
Os trabalhos do engenheiro Russel começaram às vésperas da grande crise financeira mundial, que culminaram com o colapso da bolsa de Nova York em outubro de 1929.
Quando o Governo aprovou solenemente o novo projeto da Itabira Iron em agosto de 1930, Farqhuar já sabia que a chance de obter financiamentos para o projeto seria muito difícil, mesmo com o contrato estipulando um prazo máximo de dois anos para dar-se início às obras, caso contrário, a concessão expiraria.
Farqhuar, que estava nos Estados Unidos tentando negociar os empréstimos, tentou imediatamente obter um adiantamento dos prazos da concessão alegando “força maior”, mas a esta altura, o pedido acabou emperrado em meio ao clima político conturbado do Brasil, às vésperas da Revolução de 1930.
No dia 3 de outubro, começava no Rio Grande do Sul a chamada Revolução de Outubro brasileira, que vitoriosa, colocou Getúlio Vargas na Presidência da República. Com ele, subiram ao poder diversos setores empresariais e militares extremamente nacionalistas, que não viam com simpatia os recursos minerais brasileiros serem explorados por grupos estrangeiros.
Não foi surpresa, portanto, que mais duas petições de Farqhuar ao novo Governo solicitando a prorrogação do contrato não tenham sido sequer respondidas, obrigando-o a pagar por dez meses uma multa pelo não início das obras. Somente em maio de 191, o Governo Federal deu uma satisfação a Farqhuar e a Itabira Iron, declarando caduco o contrato de 1928.
Reconhecendo, entretanto que o empreendimento poderia ter grande importância para o futuro desenvolvimento do Brasil, Vargas – embora não concordasse com várias cláusulas do contrato assinado com a Itabira Iron em 1928 – convidou Farqhuar para vir ao Brasil e explicar pessoalmente as autoridades seu ponto de vista sobre o projeto, prometendo que desta vez o contrato seria amplamente discutido pelos principais setores.
Já no final da década de 1920, a EFVM por sua vez foi obrigada a construir diversas variantes, evitando alguns trechos tão mal construídos que à menor ocorrência de chuvas ficavam paralisados por várias semanas. A linha passou a ser dividida em três trechos de tração, respectivamente São Carlos – Aimorés, Aimorés – Figueira e Figueira – Engenheiro – Gillman.
A EFVM chegou a São José da Lagoa (atual Desembargador Drumond) em novembro de 1932, passando a contar com 562 km de linhas e 43 estações.

A construção deveria prosseguir pelo vale do rio Peixe até Itabira, mas foi embargada pelo Governo devido à caducidade do contrato de 1928.

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